segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Pescaria no Lago Paranoá


Espécies de animais e peixes existentes no Lago Paranoá
Existem várias espécies de animais às margens do Lago Paranoá, como: cotiarinha (espécie de serpente, ), jacaré-tinga, cágado-de-barbicha, cuíca-d’água, além da capivara.
Pela água, a situação não muda. O Lago é o habitat, por exemplo, do cascudo, do tambaqui e do chique bluegill.
A cotiarinha, o jacaré-tinga, o cágado-de-barbicha, a capivara, o cascudo, o tambaqui, o bluegill, o biguá, a matraca e a marreca-irerê são apenas algumas das 48 espécies de anfíbios, 86 de répteis, 113 de mamíferos e 451 de aves que adotaram o cerrado do Distrito Federal como habitat natural.

Pescaria no Lago Paranoá

No Lago Paranoá, a pesca profissional esteve proibida entre 1966 e 1999. Herança da Lei de Segurança Nacional, essa proibição já não apresentava qualquer justificativa política ou ambiental, tendo em vista que a maioria das espécies do reservatório foi introduzida artificialmente (Petrere, 1996).

Mesmo sendo ilegal, em 1985 havia cerca de 100 famílias vivendo da pesca do Lago Paranoá. Exercida principalmente com tarrafas, apresentava uma produção anual de aproximadamente 200 toneladas (48 kg/ha/ano), concentrada especialmente em tilápias e carpas. O pescado era totalmente consumido nas cidades satélites do Distrito Federal e a oferta era inferior à demanda. Todos os pescadores possuíam compradores (intermediários) garantidos. A atividade tinha grande importância sócioeconômica, representando a principal fonte de renda para os pescadores e de alimento barato para as populações carentes do Distrito Federal (Dornelles & Dias Neto, 1985; Dias, 1994; Hollanda, 1996).

Recentemente, a pesca profissional do Lago Paranoá foi novamente monitorada (Walter, 2000). Mesmo clandestina e realizada com baixo esforço de pesca, em face da eficiente fiscalização do Batalhão Lacustre da Polícia Florestal do DF, foram capturadas 62,5 ton., com rendimento de 41,7 kg/pescaria, 224,7 kg/pescador/mês e uma produtividade de 39 kg/ha/ano. A pesca continuou concentrada em poucas espécies, todas exóticas, sendo a tilápia do Nilo responsável por 85% das capturas.

A clandestinidade e o aumento de fiscalização na última década forçaram várias famílias a abandonar a pesca. A conseqüente desestruturação social da pesca afugentou os antigos compradores de pescado (intermediários), tornando a comercialização centrada no próprio pescador, agora dono dos meios de produção e livre para escolher como vender o pescado. A renda média mensal dos pescadores que permaneceram em atividade variou entre R$ 424,00 e R$ 652,00, mas pescadores mais dedicados chegaram a obter uma renda mensal de R$ 1.087,00. Assim, a atividade provou ser economicamente sustentável e com grande potencial para agregar rendas ainda maiores, a partir de sua legalização.

Dessa forma, a pesca profissional no Lago Paranoá preenche todos os requisitos necessários para ser utilizada como medida socioambiental: captura centrada em espécies exóticas (98%) que afetam negativamente a qualidade da água; gera empregos diretos e indiretos para a população carente do Distrito Federal, é rentável economicamente e fornece proteína de alta qualidade e a preços baixos para as populações carentes da região. Além disso, a atividade, que é exercida desde a construção de Brasília, confunde-se com a própria história de pioneirismo da capital: 60% dos seus pescadores começaram e aprenderam a sua profissão nas águas do Paranoá e, mesclando os ensinamentos trazidos com os candangos-pescadores de todas as regiões do Brasil, criaram o “Jeito-Paranoá” de pescar, que reflete o alto conhecimento do pescador sobre as espécies e o ambiente em que estão inseridos.

A liberação da pesca profissional do Lago Paranoá foi, portanto, uma decisão acertada dos órgãos ambientais do Distrito Federal e do Governo Federal, que possibilitará a abertura de novos modelos de gestão social, econômica, ecológica, cultural e politicamente sustentáveis.

Curiosidades

Vários conflitos emergiram com o aumento da pesca: como as reclamações de moradores à
beira do lago incomodados pela presença de pescadores próximos aos seus
quintais; conflitos entre pescadores de anzol e rede, etc.




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